No coração de Olinda, entre ladeiras históricas e o mar que emoldura as paisagens de Pernambuco, existe um espaço onde a cultura pulsa forte, viva e orgulhosa de suas raízes: a Casa Estação (CEL). Muito mais que um centro cultural, a CEL é um convite à imersão nas artes visuais, na música, na literatura e na memória de um Brasil profundo, plural e cheio de poesia.
Sob o patronato do consagrado cantor e compositor Alceu Valença, a Casa Estação se firmou como um dos principais espaços de celebração da arte e do pensamento nordestino. Suas exposições, mostras, cursos e atividades conectam o passado ao presente, a tradição à contemporaneidade, o íntimo ao coletivo — tudo isso em um casarão acolhedor e simbólico, localizado na charmosa Rua Prudente de Moraes.
Mas antes de mergulhar na experiência única que a CEL oferece, é importante destacar: a Casa Estação não tem nenhum vínculo com a Estação de São Paulo. Apesar do nome semelhante, elas são universos distintos. A CEL é uma criação autônoma, dedicada à identidade cultural do Nordeste e à potência criativa de seus artistas e pensadores.
Um espaço que pulsa cultura, arte e pensamento
Desde sua criação, a Casa Estação foi concebida como um espaço de experimentação artística e reflexão crítica. Com uma proposta curatorial sólida, multidisciplinar e sensível, o centro se tornou referência para artistas, estudantes, pesquisadores e apaixonados pela cultura brasileira.
Mais do que abrigar exposições, a CEL se dedica a pensar a cultura de forma ativa e questionadora. Seus projetos dialogam com temas como identidade, território, ancestralidade, política e afetos, tudo isso por meio de linguagens diversas: fotografia, cinema, música, pintura, escultura, literatura, instalações e debates.
Patrono Alceu Valença: o canto de um Nordeste visceral
A presença de Alceu Valença como patrono da Casa Estação é, sem dúvida, uma das suas maiores fortalezas. Mais do que um nome famoso, Alceu representa a alma artística do Nordeste brasileiro — um artista que nunca se deixou reduzir ao rótulo de “regional”, e sim expandiu as fronteiras da sua música, projetando um Nordeste universal, contemporâneo e criativo.
Com mais de cinco décadas de carreira, Alceu é sinônimo de poesia, ousadia, resistência e brasilidade. Sua obra mistura ritmos populares, guitarras psicodélicas, cantigas rurais e reflexões sociais. Ao emprestar sua trajetória e seu olhar à CEL, ele reforça o compromisso do espaço com a autenticidade cultural e a força das raízes nordestinas.
Uma geografia visceral nordestina: exposição em cartaz
Até 18 de agosto, o visitante poderá mergulhar na impressionante exposição “Alceu Valença – Uma Geografia Visceral Nordestina”, curada por Rafael Antonio Todeschini. A mostra é, de longe, a mais densa e significativa já realizada pela casa.
A exposição traz:
- Mais de 200 objetos que fazem parte da trajetória de Alceu;
- Fotografias históricas, vídeos raros e obras do acervo pessoal do artista;
- Pinturas, esculturas e instalações de artistas como J. Borges, Bajado, Aline Feitosa, Marisa Lacerda, Véio, Marcos Cordeiro, entre outros;
- Materiais inéditos, como um bilhete de Jorge Amado para Alceu, e registros raros de apresentações ao lado de Jackson do Pandeiro.
A exposição é uma celebração profunda da poética, da sonoridade e da estética nordestina — costurada com memórias, ritmos e resistências. É como se o próprio Alceu estivesse guiando o visitante por um mapa afetivo e artístico do Brasil.
Experiência sensorial e afetiva
A visita à exposição é uma experiência sensorial: além de ver, você escuta, sente, cheira o barro das esculturas, percebe as texturas do sertão. Há vídeos raros, como:
- Documentário “Nordeste: Cordel, Repente e Canção” (1975), de Tânia Quaresma;
- Trechos de filmes como “A Noite do Espantalho” (1974) e “A Luneta do Tempo” (2014);
- Gravações ao vivo de Alceu na França e em apresentações marcantes no Brasil.
Também faz parte da mostra uma visita guiada digital com narração do próprio Alceu Valença, em vídeo, disponível no site da CEL. É uma forma de se aproximar ainda mais do universo do artista — como se ele mesmo estivesse conduzindo os passos de quem entra nesse mundo.
Para além das exposições: cursos, oficinas e programação diversa
A Casa Estação não se limita a exposições. Ela também promove:
- Cursos e formações livres sobre literatura, música, cinema e história;
- Debates e rodas de conversa com artistas e pensadores;
- Exibições de filmes, seguidas de bate-papo;
- Programação musical ao vivo, com apresentações intimistas;
- Atividades educativas para escolas e grupos.
Tudo isso com curadoria cuidadosa, que respeita a diversidade de vozes e linguagens e estimula o pensamento crítico e criativo.
Acolhimento e identidade
O ambiente da Casa Estação é intimista, afetuoso e repleto de detalhes. O casarão histórico tem alma: suas paredes contam histórias, seus jardins abrigam conversas e encontros.
O visitante é recebido com simplicidade e respeito, em um espaço pensado para acolher e valorizar. Lá, cultura não é produto: é experiência, é memória, é presença. É o Nordeste se vendo e se ouvindo — sem precisar pedir licença.
Endereço e contato da Casa Estação
A Casa Estação está aberta ao público de quarta a domingo, com horários estendidos nos finais de semana. Para agendamentos, dúvidas ou conferir a programação atual, veja abaixo as informações de contato:
📍 Endereço: Rua Prudente de Moraes, 313 – Carmo, Olinda – PE
🌐 Site oficial: www.casaestacaodaluz.com.br
📱 Instagram: @casaestacaodaluz
📞 Telefone: Informações disponíveis no site oficial
🕒 Horário de funcionamento:
– Quarta a sexta: das 10h às 17h
– Sábados e domingos: das 11h às 16h
Por que visitar a Casa Estação?
- Para sentir de perto a força do Nordeste — não como um rótulo, mas como expressão viva e artística.
- Para conhecer e revisitar a obra de Alceu Valença com profundidade.
- Para encontrar um espaço cultural genuíno, feito com afeto e inteligência.
- Para se conectar com artistas visuais, músicos, pensadores e curiosos de todas as idades.
- Para descobrir que Olinda continua sendo uma das capitais da cultura brasileira, com iniciativas que emocionam e provocam.
Casa Estação: onde a arte encontra a alma do Brasil
A Casa Estação é mais do que um espaço cultural — é um lugar de pertencimento. Lá, a cultura brasileira não é tratada como “exótica” ou “regional”, mas como central, potente e universal. Cada canto da casa reverbera a luta pela valorização da arte feita com verdade, com raízes, com amor.
Em tempos de urgência e dispersão, estar na CEL é um respiro profundo, um reencontro com a beleza, com a resistência e com tudo aquilo que nos torna humanos e brasileiros. E isso vale cada passo.